quarta-feira, 4 de junho de 2008

Mistério Sertanejo II

Após uma semana de investigação, delegado mantêm silêncio. Amigo afirma que Nelson Peixoto estava infeliz com a vida de cantor sertanejo.

Após uma semana de silêncio, o delegado Rubinaldo Correa falou e irritou. O responsável pela investigação do desaparecimento do músico Nelson Peixoto, ocorrido no município goiano de Rio Verde, no último dia 17 de março, convocou a imprensa local na tarde desta quarta-feira (04) para falar sobre o caso. Na improvisada coletiva, realizada em frente ao prédio da delegacia municipal, Correa se desculpou pela demora das informações, mas afirmou que o silêncio foi necessário para “maiores aprofundamentos na investigação”. Em seguida, o delegado disse que os trabalhos da polícia estão adiantados, mas que, pelas conclusões obtidas até o momento, são poucas as chances de Nelson Peixoto estar vivo.

Surpreendidos pela afirmação, os jornalistas indagaram sobre as conclusões atingidas até agora. Na resposta, Rubinaldo Correa foi direto: “Existe uma grande possibilidade de suicídio. Essa é nossa linha mais forte até agora. Vamos trabalhar para encontrar o Nelson, mas já alertamos a família que a hipótese de suicídio é grande”.

Perguntado sobre detalhes da investigação, Correa confirmou para esta quinta-feira (05) outra coletiva de imprensa, em que explicará detalhes do que foi concluído até o momento. A resposta do delegado irritou os jornalistas no local. Em meio a um burburinho provocado pela frustração dos profissionais, Correa se afastou e entrou no prédio, posteriormente bloqueado por dois guardas.

Nelson Peixoto desapareceu no último dia 17 de março. O caso ganhou repercussão local após o irmão do desaparecido, Wiliam Peixoto, ter revelado que recebeu um bilhete misterioso de Nelson com os dizeres “Minha vida chega em um momento de nova era, em que somente os grandes marcam os túmulos na imortalidade”.

Suicídio por insatisfação?

“Um rapaz bom, mas frustrado”. Foi com essas palavras que Jorge Moreno Baptista, músico profissional que atua em bares da noite de Goiânia, descreveu Nelson Peixoto. O músico, conhecido na noite da capital goiana como Moreno das Cordas, é natural de Rio Verde e tentou levar Nelson, amigo de infância, para trabalhar em Goiânia.

Moreno, guitarrista da banda Pequi Floyd (cover do conjunto britânico Pink Floyd), afirma que sentiu Nelson triste e melancólico nas últimas conversas que teve com o amigo via telefone. De acordo com Moreno, Nelson estava confuso com a idéia de seguir a diante com a carreira de cantor sertanejo ao lado do irmão Wiliam. “Nelson quebrou a regra em Rio Verde, como eu. Ele gostava de rock, e muito! Ser cantor sertanejo não estava em seus planos. Isso mexia muito com ele”.

Para Moreno das Cordas, Nelson se sentia como um “traidor” dos roqueiros . “Ter uma dupla sertaneja não era o que ele sonhava. Sempre gostou de guitarra e não de viola. Sempre curtiu velocidade e não modinhas. Cantando música sertaneja ele se sentia um peixe fora d’água e isso o envergonhava, porque os amigos sabiam que não gostava daquilo”, afirma o músico.

Para Wiliam Peixoto, irmão de Nelson, as declarações de Moreno, há sete anos fora de Rio de Verde, não fazem sentido. Para ele, Nelson era sim um amante da música sertaneja que estava otimista com o sucesso. “O que esse sujeito diz nunca existiu. Meu irmão ama música e nossa raiz. Estava animado com nosso sucesso local e com o futuro”.

Já Valdirilson Nobre, dono da boite onde Wiliam e Nelson se apresentavam semanalmente e amigo da família Peixoto, o desaparecido, como afirma Moreno Baptista, tinha sim gosto por Rock'n'Roll. “Ele gostava de uma música ruim. É Rock que chama. O pessoal aqui não gosta muito, mas ele gostava sim. Tem muito disco em casa”.

Outro procurado pela Arca da Notícia que confirma as informações de Moreno e Valdirilson é Jeander Gonçalves, gerente do matadouro em que Nelson trabalhava diariamente. Jeander afirma que Nelson escutava música durante o expediente, o que rendeu-lhe até advertências. “Ele escutava em um fone enquanto lavava o boi. Era complicado de falar com ele. Quando tinha de falar algo era no berro ou com as mãos nas costas. Chamei a atenção dele por isso uma vez. Mas, nunca deixou de trazer seu aparelhinho de tocar música. Ele também cantava, acho que em inglês”, afirma.
JNB

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